terça-feira - 06/05/2025

Estudo do Ministério da Saúde avalia diagnóstico e tratamento da hanseníase em Mossoró

Por: Thiago Braga

Foto: Wilson Moreno (SECOM/PMM) Foto: Wilson Moreno (SECOM/PMM)

O Ministério da Saúde está realizando estudo sobre a hanseníase no município de Mossoró. Médicas dermatologistas e professoras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) avaliam em pesquisa aspectos referentes ao diagnóstico e tratamento da doença no município.

As pesquisadoras da universidade que promovem o levantamento para o Governo Federal realizaram visitas ao Centro Clínico Prof. Vingt-un Rosado, local onde funciona o Programa Municipal de Hanseníase. O estudo é direcionado aos pacientes multibacilares com tratamento realizado durante 12 meses.

Selma Maria, médica dermatologista e professora da UFRN.

“O tratamento pode variar de 6 a 12 meses. Essa pesquisa do Ministério da Saúde quer avaliar como está o tratamento das pessoas que passam 12 meses com a medicação e acompanhamento médico. É uma pesquisa em colaboração com a Prefeitura de Mossoró que verifica se 12 meses são suficientes para tratar e curar a hanseníase”, explicou Selma Maria, médica dermatologista e professora da UFRN.

Em Mossoró, neste ano, há cerca de 30 casos confirmados de hanseníase. De acordo com as especialistas, um dos principais desafios é o diagnóstico precoce da doença. “Devemos melhorar o diagnóstico da doença, realizando precocemente. Além disso, se faz necessário que haja a notificação dos casos e tratamento adequado para cada situação. É importante ressaltar que a rede pública dispõe do medicamento para todos os tipos de tratamentos. Caso contrário, existe a possibilidade de complicações, considerando casos específicos. Essas pessoas sofrem bastante com complicações que as incapacitam”, frisou Selma Maria.

“Nosso objetivo é pegar um paciente ainda no estágio inicial da doença para que isso não possa se transformar em algo mais grave no futuro como uma incapacidade enorme para a vida. Os médicos são capacitados para realizar o diagnóstico da hanseníase, mas muitas vezes o medo do paciente é um obstáculo para a busca da assistência e descoberta da doença, sofrendo com estigmas”, destacou Mércia Cristina, técnica responsável pelo Programa de Hanseníase do município.

O diagnóstico e tratamento tardio podem acarretar numa série de problemas para a vida do paciente. “O paciente pode ficar com sequelas como dormência no pé ou na mão, perda de sensibilidade e força muscular. E ainda pode haver dificuldade para andar, problemas com nervos das partes periféricas do corpo”, declarou Sheila Milena, médica dermatologista do município.

Em caso de sinais ou sintomas da doença, o paciente deve buscar ajuda médica numa Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência. “Normalmente os sinais aparecem na face, mãos e pés. A pessoa se queima ou se fura e não percebe ou sente. Vai pegar algo e não tem força. É importante destacar que não são só manchas. São placas, caroços e muitas vezes a hanseníase é confundida com outras doenças”, informou Maria do Carmo, médica dermatologista.

E ainda acrescentou: “Se o profissional considerar que há algo a mais no paciente, necessitando de consulta mais minuciosa para fechar um diagnóstico, ele o encaminhe para um atendimento especializado”.

“O município de Mossoró está capacitado para atender aos pacientes. A Prefeitura possui uma rede de profissionais que passa por constantes treinamentos e atualizações. Há uma diminuição real dos casos, mas é preciso que haja a notificação, a busca pelo serviço e o encaminhamento da UBS para o PAM para que seja dado todo o suporte”, pontuou Mércia Cristina.

O preconceito em torno da doença ainda afasta muitos pacientes da busca pelo diagnóstico, tratamento e, consequentemente, a cura. Ainda existem muitos estigmas sociais. “A principal dificuldade em procurar o serviço diz respeito ao estigma. Antigamente, por não ter cura, as pessoas sofriam bastante com a falta de conhecimento da doença”, disse a médica Maria do Carmo.

“A gente tem que acabar com os estigmas, a separação. É preciso sensibilizar toda a população que é necessário buscar ajuda médica caso surja algum sinal ou sintoma. Verificar manchas na pele, realizando um autoexame”, concluiu a professora da UFRN, Selma Maria.

HANSENÍASE - É uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. A hanseníase atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos (braços e pernas), com capacidade de ocasionar lesões neurais, podendo acarretar danos irreversíveis, inclusive exclusão social, caso o diagnóstico seja tardio ou o tratamento inadequado.

SINAIS E SINTOMAS:

- Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área(s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);

- Comprometimento do(s) nervo(s) periférico(s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;

- Áreas com diminuição dos pelos e do suor;

- Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;

- Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés;

- Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. 

 

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