terça-feira - 19/10/2021
Inclusão é destaque em feiras de ciências de escolas municipais
Por: Maricelio Almeida
Iniciadas nesta terça-feira (19), as feiras de ciências promovidas por escolas da rede municipal de ensino de Mossoró debatem temas, por meio de projetos científicos, que impactam diretamente a vida em sociedade, trazendo reflexões importantes para o cotidiano não apenas educacional, mas para toda a população. É o caso, por exemplo, das discussões em torno da inclusão. Nesse contexto, alunos do Colégio Evangélico Leôncio José de Santana apresentaram uma proposta de site com informações e esclarecimentos a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O projeto “TEA: lidando com dificuldades” foi apresentado na manhã desta terça-feira (19), pelos alunos Anderson Henrique e Lívia Duany, ambos cursando o 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Evangélico Leôncio José de Santana. Os discentes foram orientados pela professora Eliene Duarte, articuladora da escola. A ideia de construir o site TEAjudar.epizy.com (em desenvolvimento, mas que já pode ser acessado) surgiu das próprias dificuldades enfrentadas por Anderson Henrique, diagnosticado com TEA, e seu processo de desenvolvimento e sociabilidade.
“Tive a chance de estar hoje aqui, me relacionando com as pessoas, porque fui diagnosticado cedo. Tive o apoio total da minha mãe, da escola, e através dos profissionais consegui me relacionar com as outras pessoas”, pontua o adolescente de 16 anos, que conta ainda o que os internautas poderão encontrar no projeto: “No site há vários tópicos e um deles é o que fala sobre o bullying, com o objetivo de ajudar na orientação e no combate a essa prática. O que eu mais prezo é o antibullying”, revela.
O projeto também prevê a disponibilização, para o internauta, de um chat para que as pessoas com TEA e seus familiares possam interagir e tirar dúvidas com profissionais de diversas áreas, como fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, entre outros. “Foi uma nova experiência pra mim, porque não tinha participado de uma feira de ciências em que eu precisaria desenvolver um projeto e eu acho que isso vai melhorar muita minha vida discente. O projeto vai ajudar a combater o preconceito com as pessoas que têm TEA, é uma iniciativa realmente importante”, pontua a aluna Lívia Duany, de 14 anos.
Para a professora Eliene Duarte, a ideia colocada em prática por Anderson Henrique e Lívia Duany possui uma relevância social que precisa ser destacada. “Anderson Henrique é muito talentoso e se desenvolveu muito bem na escola. Quando ele me falou do projeto fiquei superanimada. O projeto é magnífico, possui uma relevância social expressiva. Na apresentação desta terça, os avaliadores ficaram encantados com essa proposta de ajudar às famílias que têm filhos com deficiência, especialmente autistas”, afirmou.
FAMÍLIA E ESCOLA
A interação família e escola também é fundamental no processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Por isso, as mães de Anderson Henrique e Lívia Duany fizeram questão de acompanhar todas as etapas do desenvolvimento do projeto apresentado na feira de ciências do Colégio Evangélico. “O trabalho é gratificante. Apesar de não ser mãe de autista, eu vi, entendi o quão é importante você incluir. Hoje se fala muito em inclusão, e o autismo vem ganhando visibilidade, então através desse site, desse trabalho, muitas famílias poderão ter um alento, porque lá vão encontrar uma rede de apoio. O site dá voz aos autistas”, frisou Lina Rocha, mãe de Lívia Duany.
“Para mim é um orgulho acompanhar essa evolução. Henrique é uma criança que desde pequeno a gente sempre buscou um auxílio, ele veio falar com seis anos de idade, sofreu muito preconceito e teve algumas realidades difíceis na rede privada de ensino, mas quando foi para a rede pública, que a gente teve mais acesso a um professor auxiliar, ele se sentiu muito acolhido. Hoje Henrique tem uma vida totalmente funcional. A minha mensagem é que os pais que têm crianças com autismo que é possível, apesar do diagnóstico, ter uma vida funcional”, finalizou Viviany Braga, mãe de Anderson Henrique.
SAIBA MAIS
As feiras de ciências realizadas pelas escolas da rede de ensino terão sua programação, virtual, desenvolvida até a próxima sexta-feira (22), contemplando unidades tanto da zona urbana quanto rural. Serão 81 projetos expostos ao longo da semana. Nesta terça (19), alunos de sete escolas da zona urbana, que integram o polo A, apresentaram cerca de 30 projetos. O polo é composto pelas Escolas Municipais Dinarte Mariz, José Benjamim, Rotary, Professor Manoel Assis, Celina Guimarães Viana, Raimunda Nogueira do Couto e Colégio Evangélico.
Na quarta-feira (20), será a vez das escolas que integram o polo C realizarem as apresentações de seus projetos. Fazem parte do polo C unidades como a Evilásio Leão, Deusdete Cecílio, Maurício de Oliveira e José Bernardo. Na quinta-feira (21) e sexta-feira (22) as feiras acontecem nas escolas do polo B (Antônio Fagundes, Duarte Filho, Ronald Pinheiro Néo, Francisco de Assis Batista e Marineide Pereira).
Durante a etapa nas escolas, os projetos científicos idealizados pelos alunos são credenciados para apresentação, virtual, na IV Feira de Ciências da Rede Municipal de Ensino de Mossoró (FECIRME), prevista para acontecer em novembro. A feira contempla mais de cinco mil alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e EJA, além de aproximadamente 250 professores.
Os alunos credenciados na etapa nas escolas poderão inscrever seus projetos na IV Fecirme em três diferentes modalidades. Serão aceitas inscrições de trabalhos nas categorias Ideação, quando ainda não foram iniciadas as etapas experimentais; Em Desenvolvimento, projeto que apresenta resultados ou conclusões parciais; e Concluídos, projeto que já apresenta resultados e conclusões até a data da inscrição.
Após a etapa municipal, os projetos credenciados na Fecirme serão apresentados na Feira de Ciências do Semiárido Potiguar, promovida em dezembro pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Serão 20 projetos selecionados.
Nessa edição, a Fecirme conta com um incentivo a mais para promover o engajamento dos alunos em relação à ciência, a partir de um projeto aprovado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): o “Feira de Ciências no contexto do Semiárido”, que tem abrangência municipal e concederá aos três alunos da equipe do primeiro lugar na Fecirme uma bolsa de R$ 100 mensais, durante seis meses.