terça-feira - 20/07/2021
Com apoio da Prefeitura de Mossoró jornalistas produzem curta documental sobre as famílias venezuelanas refugiadas
Por: DIRETI
As dificuldades com o idioma vivenciadas no cotidiano e a luta pela sobrevivência das famílias indígenas da etnia Warao, que vivem em Mossoró na condição de refugiados, serão retratadas no documentário curta-metragem “Longe de Casa”. O curta documental é uma realização da Íntegra Comunicação em parceria com o Laboratório de Narrativa Hipermídia (HiperLAB/UERN), com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio de edital da Prefeitura de Mossoró via Secretaria Municipal de Cultura. O documentário completo deve ser lançado em agosto.
A direção, produção e roteiro do documentário são dos jornalistas Esdras Marchezan e Izaíra Thalita. Fotografia, imagens e edição são de Lu Nascimento, estudante do curso de jornalismo da UERN. Fotografia Still: Renato Gomes. Direção de arte: Antônio Laurindo, estudante do curso de Publicidade e Propaganda da UERN. Para produção do filme, os realizadores contaram com apoio da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) - por meio da UERN TV e do Grupo de Estudos Culturais (GRUESC).
"Longe de Casa"
Milhares de quilômetros separaram as famílias venezuelanas da terra natal. Do Nordeste da Venezuela os Waraos vieram para o Brasil em busca de sobrevivência e para fugir da crise econômica que tem assolado o país vizinho, causando a escassez de alimentos e, consequentemente, a fome na população. Em Mossoró e no restante do Brasil para onde se refugiaram, os Waraos se depararam com idioma diferente, dificuldades na adaptação e até o preconceito. Todas essas barreiras enfrentadas pelos refugiados serão reunidas no documentário “Longe de Casa”.
“A ideia do documentário surgiu depois de ver os venezuelanos nas ruas de Mossoró. Surgiu a ideia de fazer algo contando um pouco da história deles e sobre essa percepção da relação da cidade com eles. Eu e Izaíra começamos a pesquisar com apoio da professora Eliane Anselmo, que é da UERN e já trabalhava com eles, vinha acompanhando desde o início. A gente identificou que dentro do grupo dos venezuelanos que existia esse grupo de indígenas Waraos. Achamos interessante partir dessa realidade dos Waraos por ser uma população de característica rural e como está sendo essa adaptação ao espaço urbano, as dificuldades que eles enfrentam. Então, surgiu o interesse a partir do momento que a gente viu várias famílias nas ruas de Mossoró e aí quis saber como essas famílias estão lidando no dia a dia. Como elas estão se sustentando? Onde é que elas estão morando? Aí surgiu o projeto Longe de Casa”, explicou o jornalista Esdras Marchezan.
Um dos objetivos principais do curta documental é promover na população a reflexão em relação às famílias indígenas refugiadas, promovendo a empatia e o debate sobre alternativas de assistência aos Waraos.
“Um dos objetivos é mostrar para população, não só de Mossoró, que não é tão conhecido e pouca gente sabe, por exemplo, as condições onde eles estão morando, as dificuldades que eles têm com idioma, a xenofobia, em alguns casos. As dificuldades de conseguir empregos já que boa parte é analfabeta ou semianalfabeta e tem o problema com idioma. Além da própria questão cultural desse povo. Então, a gente acredita que com o documentário, que é um curta, vamos mostrar um lado da história dos Waraos em Mossoró que pouca gente conhece. Com mais pessoas conhecendo a gente espera que mais pessoas se sensibilizem. Primeiro ponto ter uma postura de acolhimento com essas pessoas, de receber entendendo que todos nós estamos no mesmo mundo, na mesma Terra. Se a gente conseguir gerar essa empatia, esse acolhimento e depois também uma disposição das pessoas de ajudarem essas famílias, seja com doações, seja com diálogo com os órgãos públicos para criarem alternativas, instrumentos que possibilitem maior dignidade para essas famílias, a gente já vai ter atingido um objetivo importante do nosso curta”, ressaltou Esdras Marchezan.
Lançamento
O lançamento do curta documental ainda não tem data definida, mas a previsão é que em agosto ele seja disponibilizado para o público em plataformas digitais. O projeto pode ser acompanhado nas redes sociais e no canal do “Longe de Casa” no YouTube.
“A ideia é que a gente consiga lançar o curta até meados de agosto, ainda não temos uma data definida. Vamos lançar na internet, mas com transmissão pela UERNTV. Vamos deixar por período disponível para pessoas assistirem, depois fechamos o acesso porque é o período que o curta vai circular em festivais. Como alguns festivais pedem que os filmes não estejam disponíveis, a gente vai liberar por um tempo e depois fecha para abrir novamente lá na frente. Enquanto estiver circulando em festivais, a gente vai exibir também em pequenas mostras, em pequenas exibições na universidade e em outros locais. A primeira exibição queremos fazer lá no abrigo onde eles vivem, mostrando para eles para que possam se enxergar, ver esse material que foi construído com a concordância deles”, informou um dos idealizadores do projeto.